No sangue e no Coração

Conheça um pouco mais sobre Neni Fornari, uma das lendas do automobilismo gaúcho
O amor pelo automobilismo passa de geração em geração, ocupando um espaço importante na história de pessoas que fazem dele o seu maior incentivo. Pilotar é um legado que está no sangue de alguns. Um deles é Neni Fornari, filho do grande Breno Fornari, o primeiro campeão das 12 Horas de Tarumã.
Nascido em uma família apaixonada por velocidade, Neni mostrou desde o início, que não carregava apenas o sobrenome vitorioso do pai, mas a vontade incessante de fazer história. Com apenas 18 anos de idade, e contra a vontade de Breno, iniciou no automobilismo em 1969 a bordo de um Simca Emi-Sul. “Não comecei no Kart, como a maioria. Comecei com o Simca, andei também de corcel, Volkswagen, Dodginho, Maverick, Fiat 147, Uno, Ecosport, Voyage, Passat e em protótipo andei de Spyder e MCR”, conta.
O primeiro desafio de sua carreira foi estar presente na dura prova de terra batida, que tinha como rota, os municípios de Cachoeira do Sul e Rio Pardo. Breno Fornari não havia aprovado a participação do filho devido às condições da competição, mas Neni estava determinado a estrear na velocidade. “Meu pai não queria que eu corresse. Como precisava de uma autorização dele, pois o carro estava em seu nome, coloquei o papel da Federação junto com os do colégio, e ele assinou sem perceber”, recorda.
Após conseguir a assinatura, Neni foi para a competição. “Era o meu carro de ir para a escola. O motor já havia quebrado, foi soldado. Na época, a largada acontecia de três em três minutos para que um competidor não encontrasse o outro pela frente devido as pedras e poeira excessiva”, explica.
Durante a dura corrida, ao perceber que havia outro competidor a bordo de um Simca, Neni decidiu que iria ultrapassá-lo. “Eu queria chegar na frente dele a qualquer custo. Aí em uma curva sem importância, dei uma entortada e capotei. O número do carro era 135 e durante a corrida eu capotei justamente no quilômetro 35. Então fiquei pensando: será que eu não dou conta do negócio? Mas em 1970 veio a segunda prova, lá na praia de Imbé, essa eu ganhei”, conta.
Após ganhar confiança com a primeira vitória, Neni passou a colecionar grandes histórias em sua carreira. Uma das mais importantes aconteceu em 1974, quando disputou ao lado do pai, a temida e desafiadora 12 Horas de Tarumã. Foi no dia 15 de dezembro a bordo de um Dodge 1.8 de número 35, que juntos ocuparam a 9ª colocação em um grid composto por 31 veículos. “ Foi uma das maiores satisfações da minha vida”, diz.
Entre competições nacionais e regionais, Neni acumulou importantes conquistas. Em 1983 foi campeão das 12 Horas de Goiânia juntamente com Paulo Hoerlle. Além do título, eles ganharam um carro novo da Fiat. “O nosso Fiat era o mais feio, era horrível, todo baleado. O pessoal da Fiat passou no nosso box e viu o carro com a caixa aberta. Eles estranharam e perguntaram se havíamos aberto a caixa, dissemos que sim. Então eles falaram que se fossemos campeões nos dariam um carro zero. Nós fomos, ganhamos correndo contra os feras da época como Ingo Hofmann, Paulo Gomes, Áttila Sipos, Paternostro e Emerson Fittipaldi”, recorda.
A parceria de sucesso rendeu títulos e boas histórias. “Montamos uma equipe maravilhosa. Com o Ivan Hoerlle como preparador e o Paulinho Hoerlle junto comigo na pilotagem, conquistamos o Gaúcho da Copa Fiat em 1991, 1992, 1995 e 1997. Nós corríamos um ou dois anos na Copa Fiat e quando ficávamos muito visados pelos concorrentes, intercalávamos com o Gaúcho de Marcas”, conta.
Em 2002, após ter conquistado muitos títulos importantes, Neni sagrou-se campeão das 12 Horas de Tarumã. “ Fui campeão após 40 anos da vitória do meu pai em Tarumã. Dediquei a conquista a ele, e anunciei que encerraria a minha carreira”, lembra. A decisão já havia sido tomada, mas o amor pela velocidade falou mais alto que a vontade de parar. No ano seguinte ao anúncio da aposentadoria das pistas, Neni recebeu uma ligação do seu irmão e também piloto, Neco Fornari. “Em janeiro de 2003, meu irmão me ligou e me convidou para disputar junto com ele a prova Mil Milhas Brasileiras, em Interlagos. Topei! Fui lá, e corremos com um Spyder”, conta.
Hoje, responsável pelas avaliações da Federação Gaúcha de Automobilismo, Neni se surpreende com o nível de preparação dos jovens pilotos. “Passa por mim uma gurizada que me surpreende. Eles saem do carro parecendo que estavam andando em um veículo de rua. Andam muito bem, utilizam toda a pista, coisa que era difícil. Antigamente, o pessoal ia com medo nas curvas, mas essa gurizada está praticamente pronta”, diz.
O talento dos jovens pilotos têm provocado mudanças em ditados que eram frequentemente utilizados por Neni. “Sempre gostei de falar que o Tarumã separa os homens das crianças, mas o meu ditado foi para banha, porque hoje, as crianças estão mostrando mais do que os veteranos”, fala.
Entrevista: Neni Fornari
Texto: Fernanda Pereira
Material de apoio:
Memórias, Histórias e Glórias (Celso Ferlauto e Paulo Lava);
Automobilismo Gaúcho: 12 Horas – Histórias & Estatísticas 1962 – 2005 (Paulo Torino e Paulo Lava);
Das Pistas para a História: Um relato de pilotos que marcaram época no automobilismo gaúcho (Gilberto Menegaz, Paulo Lava, Roberto Giordani)
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